Real faz 20 anos; antes dele, preço do tomate subiu 4.500% em 12 meses
- Postado em 29, jun 2014 por: Nova Esperança FM 87.9
Na próxima semana, o real completa 20 anos. Em 1º de julho de 1994, a moeda passou a circular. O lançamento do real foi parte de um plano econômico desenvolvido para acabar com a hiperinflação, que chegou a 2.477,15% ao ano em 1993, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A título de comparação, os preços subiram 5,91% em 2013.
O Plano Real começou a ser elaborado em 1993, no governo do presidente Itamar Franco (1992-94). O então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, criou um grupo com André Lara Resende, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e Persio Arida para desenvolver o projeto.
No ápice da hiperinflação, os preços eram reajustados diariamente. O tomate, por exemplo, chegou a aumentar 4.492,25% em 1993. Em 2013, seu preço subiu 14,74%. Isso significa que a inflação em 1993 foi 304 vezes maior que em 2013. Se hoje houvesse a inflação de 93, um quilo de tomate que custa R$ 6,00 passaria a R$ 275,54 em um ano.
Por que o Plano Real deu certo?
O país teve outros planos econômicos antes do real. Em 1986, foi lançado o Plano Cruzado, para tentar controlar a inflação, que chegava a 215% ao ano em 1985. Em seguida, vieram os planos Bresser (1987), Verão (1989), Collor I (1990) e Collor II (1991). Os planos conseguiram derrubar a hiperinflação por um curto período, mas falharam ao final.
O ponto em comum desses planos foi o congelamento de preços. Essa foi também uma das razões de eles terem dado errado. O congelamento era anunciado do dia para noite, para tentar impedir que os vendedores subissem muito os preços antes que eles fossem congelados.
Como os preços não podiam subir, produtos começavam a faltar nos mercados. Os vendedores tiravam os produtos das prateleiras, pois não achavam justo o preço fixo a que eram obrigados a negociar. Nessas horas, ganhava força o mercado negro, no qual as mercadorias eram vendidas por um preço muito maior.
O Plano Real se diferenciou dos outros por introduzir medidas graduais e que foram anunciadas e esclarecidas com antecedência, de acordo com Otto Nogami, professor de economia dos programas de MBA do Insper ( Instituto de Ensino e Pesquisa).
O plano foi dividido em três fases. A primeira teve como objetivo ajustar as contas públicas, cortando despesas do governo e fazendo privatizações. A segunda etapa foi a implantação da URV (Unidade Real de Valor). O último estágio foi a transformação da URV no real.
Economistas apontam a criação da URV como o ponto chave para o sucesso do Plano Real. A URV não era uma moeda física, mas uma unidade de referência.
No dia em que entrou em uso, em 1º de março de 1994, 1 URV correspondia a CR$ 647,50 (cruzeiros reais). Esse valor era corrigido e anunciado pelo governo diariamente, com base na média entre três índices de inflação utilizados na época.
No segundo dia em uso, o valor de 1 URV passou a CR$ 657,50. Em 1º de julho de 1994, 1 URV passou a valer R$ 1, que correspondia a CR$ 2.750.
Contratos de aluguel, duplicatas, produtos e salários, por exemplo, eram fixados em URV. Na hora do pagamento, o valor em URV era transformado em cruzeiros reais, usando a cotação do dia.
Isso significa que mesmo que o preço não subisse em URV, ainda assim o valor estaria sendo corrigido diariamente. Se um quilo de frango custasse 1 URV, o vendedor receberia CR$ 647,50 em 1º de março, por exemplo, e um número maior de cruzeiros reais depois de uma semana.
Confira uma galeria com as cédulas de Real do país até hoje:
Fonte: UOL
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